Efeito Borboleta

    Pequenas mudanças em um sistema recursivo (algo que pode repetir-se um número indefinido de vezes)podem alterar drasticamente os resultados a longo prazo, ou seja, os eventos possuem sensível dependência das condições iniciais. A metáfora da borboleta foi primeiramente utilizada por Edward N. Lorenz que, estudando os efeitos climáticos, fez uma analogia em que o simples bater de asas de uma borboleta no Brasil poderia causar um tornado no Texas.
    Em 1960, o precário e ruidoso computador de Edward Lorenz, no campus do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, passava os dias a reproduzir imaginários eventos climáticos. A cada minuto, correspondente a um dia, a máquina (um Royal McBee) fabricava uma série de números estranhos. Eram códigos que exprimiam condições meteorológicas, como regime de ventos e mudanças de temperatura. Para Lorenz, apaixonado pela Matemática e pela Meteorologia, os primeiros computadores foram a realização de um sonho antigo. Só a máquina poderia explorar a afirmação newtoniana de que o mundo era constituído e se alterava de maneira determinista. O computador, em teoria, permitiria prever o futuro do universo a partir de suas condições iniciais e das leis que regem sua evolução.
    No caso das condições climáticas, o número de variáveis é tão grande que qualquer previsão merece alguma desconfiança. Mesmo assim, Lorenz seguiu suas experiências. O computador produzia uma série de eventos prováveis, plausíveis e amplamente reconhecíveis. Os ciclos de fenômenos não eram iguais, mas respondiam a um padrão.
     Num dia de inverno, em 1961, Lorenz determinou-se a examinar mais detalhadamente uma sequência de eventos. Para poupar tempo, entretanto, tomou um caminho mais curto. Para fornecer à máquina suas condições iniciais, digitou os números obtidos da impressão anterior. Foi tomar um café e quando voltou, uma hora depois, espantou-se com o que viu.
     Os padrões de comportamento climático começaram a divergir radicalmente na máquina. Pensou que uma válvula eletrônica tivesse queimado. Não tinha. O problema era outro. A memória do computador armazenava seis casas decimais: 0,506127. Na impressão colhida por Lorenz, entretanto, apareciam apenas três números depois da vírgula.

    Ele os digitou acreditando que a diferença (um para mil) não interferiria nos ciclos de eventos. Errou. O Royal McBee usava um programa clássico, com um sistema de equações determinista. Concebido um ponto de partida, as condições meteorológicas se repetiriam de maneira exatamente igual, a cada vez. Um ponto de partida ligeiramente diferente resultaria em eventos apenas ligeiramente diferentes. No caso de Lorenz, no entanto, os pequenos erros e alterações refutaram essa teoria. Revelaram-se perfeitamente capazes de produzir grandes catástrofes.

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